segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

SANIDADE


Depois de ter ouvido tantas vezes que o erro
foi meu, fui responsavel com que a vida fez comigo.
De ser julgada e considerada culpada por tanto
amor, tanta dedicação, de mimos, carinhos,
abraços e beijos.
-
Pensei, refleti, procurei por psicólogos, psiquiatras,
e o veredicto foi sempre o mesmo""CULPADA"".
E fui condenada a ficar pasmada, sem nada entender.
-
Culpa por ter amado, por ter cuidado, por educar,
servir, sentir prazer em tomar conta, encaminhar.
A culpa sempre foi minha, deixei-me usar.
-
Será??
-
Não teria eu usado também?
Pois houve momentos que me senti útil,
quase que indispensável.
-
Quando gerei meus filhos, e os trazia ao peito
para amamenta-los com meu leite,
quando os aconchegava e dizia palavras doces
e assim dormiam calmamente, pois se sentiam
protegidos.
-
Culpada eu??
-
Com certeza sim, por ter amado demais,
ter me entregue demais e esperado o mesmo
sem ter conciência disso, a tal, reciprocidade.
-
Mas hoje decidi me perdoar, não pedir perdão.
Eu me perdoo por não haver percebido que errava,
por não ter notado que me doava em excesso.
-
Me perdoo por ter sido quem fui,
e creio ter recuperado a minha sanidade,
ou quem sabe a terei perdido por completo agora.
-
Pois não carrego mais culpas...
-
Sílvia Pertusi

Nenhum comentário: